segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

15/10/07 - Soure

Depois de muitos contatos, conseguimos a peça em Belém e um portador para trazê-la. Então, dia livre. Quer dizer, sempre tem algo pra fazer. Eu fui ao banco fazer o depósito do valor da peça e comprar umas coisinhas, Tudão e Fernando providenciaram mais água, Simone arrumou nossa pequena bagunça diária e Alexandre reviu nossa rota e estudou a maré. À noite a bomba chegou e viva! Tudo funcionou!

terça-feira, 27 de novembro de 2007

14/10/07 – Soure

Ontem (dia 13) não saímos porque o abastecimento foi um tanto complicado. O posto ficava em um igarapé estreito, totalmente impróprio para a Meditation. Qualquer movimento não previsto poderia significar um dano no leme ou na hélice, o que seria um transtorno sem tamanho. Não haveria onde consertar, nem revenda dessas peças, fora o atraso na viagem. Então, Alexandre encontrou uma solução inusitada. Passou um dos tanques extras de 1.000 litros que temos na popa para um barqueiro, que assim transportou o combustível necessário para nós. Precisava ver! Um barco pequeno, estreito, com um tanque enorme, alto, cheio de combustível, equilibrando-se...Depois, nova luta! Dessa vez, abastecimento de água. E veio um outro barquinho de pescador, que enchia recipientes de 50 litros e 5 litros que tínhamos na caixa d’água da cidade e ia trazendo. Mil litros de água dessa forma! E depois disso tudo, hora do merecido banho! Mas deu até pena gastar água...hahaha.

Hoje, já acordamos no movimento para viajar. Arrumar tudo, aprontar a comida...últimos detalhes para sair! Alexandre fixou o horário para deixarmos Soure às 10:00h, para pegarmos o final da maré enchendo ao sair e o estofo da maré (momento entre a cheia e a vazante) ao alcançarmos o mar lá fora e assim evitarmos maiores ondas na barra e aproveitarmos a maré vazante como impulso. No entanto, imprevistos acontecem...o motor estancou na hora da saída. E lá foram os rapazes para a casa de máquinas, ver o que tinha acontecido. Quase sempre é um detalhe, um probleminha, mas até achar qual, foi o dia inteiro de sufoco, até que chegou-se a conclusão que a única coisa que poderia estar errada era uma bomba (primming pump) manual, que fica no filtro do motor e tem por fim tirar o ar quando existente no sistema de combustível. Ou seja, simplificando, entrava ar e o diesel não chegava até a bomba injetora, onde o ar do sistema é drenado.
Em meio a toda trabalheira, nossa espera teve sabor regional. Tudão e Simone nos presentearam logo cedo, antes de todo o transtorno, com quilos de carne de búfalo, que fizemos, eu e Simone, ao forno no almoço. E concordamos com os locais, a carne é deliciosa. Leve, sem gordura, um pouco mais escura que a de boi.

Nesses dias aqui, desenvolvi um paciente observar dos passáros, nossos vizinhos, no mangue que se forma na maré seca. Primeiro, por volta das 15:30h, chegam os brancos, garças elegantes com vôos certeiros. Depois os escuros, pretos e azuis, que não sei quais são e, por último, os de plumagem coral, mais exuberantes e também menores. E aí, surge um magistral pôr-do-sol, no sereno balançar das águas do rio, em meio ao revoar das aves. Assim, entre uma atividade ou pequena providência e outra, um livro, uma música, o dia passa, sem ansiedade.

Abaixo, Alexandre, eu e Tudão, curtindo uma boa comidinha local.



Olha que louco o abastecimento da Bebo, à noite, no meio do iguarapé!!!!


Kátia mostrando como o igarapé é estreito!!

A Bebo no rasinho...

O inusitado abastecimento da Meditation!

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

12/10/07 – Soure

Depois de muito descanso, um trabalho quase diversão. Fazer compras de comida para abastecer o barco, já que a parada prevista para Cayenne é só de abastecimento de combustível e o trecho daqui até lá é longo (500mn até Cayenne e mais 395mn até Georgetown). Fomos eu, Tudão e Simone até a cidade, andando a pé pelas ruas de Soure. Curiosidade local: as ruas não tem nomes, mas números, 1ª. Rua, 16ª. Travessa, etc. Além disso, são todas asfaltadas, já que aqui não é fácil achar pedra de calçamento, como é comum nas cidades do nordeste, por exemplo. E as carroças são movidas a ...búfalos!!! Sempre encontrados por todo o lugar, pastando sob as árvores, soltos pela cidade. E deles vêm boa parte das delícias do lugar. Queijo de búfala com doce de leite de búfala é algo maravilhoso! O queijo é muito macio, não muito salgado, quase cremoso, e o doce, mais leve e menos adocicado que o usual. Além disso, a carne é tida por aqui como a melhor do mundo, mas não tivemos ainda a oportunidade de provar. No entanto, comemos peixes deliciosos. Aqui, mesmo estando a beira do rio, são comuns os peixes do mar, por ser bem próximo. Compramos xaréu fresquinho a R$ 3,00 o quilo! E a pescada amarela? R$ 5,00 o quilo do mais caro!
Outra iguaria local é o açaí. Não aquele da tigela, congelado, a que estamos acostumado, mas sim um caldo grosso, encorpado, servido com farinha de tapioca (de flocos grandes e duros) e açúcar.
Depois do passeio e das compras, que incluiu o bolo de aniversário do Tudão, hoje, voltamos ao barco, para que ele e Simone preparassem uma moqueca baiana maravilhosa. E de sobremesa, bolo de aniversário com café ao pôr-do-sol. Perfeito!

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

09 e 10/10/07 – São Luís – Soure

Saímos de São Luís às 19:00h, depois de um bom tempo em preparativos. Significa: abastecimento de diesel e água, lavar tudo que podíamos enquanto abastecia de água – já que estávamos com pouca no tanque (na Meditation são 1.200l e a Bebo 500l), tínhamos que aproveitar e sair com tanque cheio – almoço – às 17:00h, pois passamos o dia sem filtro do gerador enquanto Alexandre comprava, guardar tudo – enquanto estamos parados, relaxamos um pouco e sempre deixamos tudo espalhado, e na navegação, tudo pode cair.
Aproveitamos a maré vazante na saída, para evitar ondas maiores contra e nos dar maior velocidade. No entanto, surfamos em ondas grandes (2 a 3 m), o que torna nossas subidas e descidas maiores, dando até frio na barriga, como se estivesse em uma montanha-russa. Mas isso foi só o começo...


A primeira tempestade!!!


Pois é! Foi pior!!! As ondas, que já eram grandes a favor, passaram a bater de lado em virtude do rumo que precisávamos tomar! Foi um sacolejo sem fim!!! Era impossível andar. Quando tentei fazê-lo, fiquei quase suspensa no ar, sem saber ao certo onde ia aterrisar!!! Só a ponta dos dedos tocavam o chão! As ondas invadiam a popa (parte de trás) e lavavam todo o deck...a essa altura, ninguém pensava nas roupas recém-lavadas, estendidas no fly...E como diz o Alex, no mar, tudo vira um pesadelo em segundos!! Simone, ainda não habituada e enjoando muito, ficou no fly o tempo todo, sequer queria descer!! E lá é ruim de ficar, porque o balanço se sente muito mais forte!!! Enquanto isso, embaixo onde estavam os demais tripulantes, o gerador parou de funcionar, levando Fernando pra casa de máquinas por toda a noite, madrugada e início da manhã. Tudão o acompanhou, mas até ele, que tem uma resistência além do normal, não suportou tão bem o balanço intenso, o calor dos motores, o cheiro constante de óleo diesel...e deixou por alguns momentos Fernando, pescador e mecânico cascudo, ali, obstinado a resolver o problema, com um gole constante de café e uma tragada de cigarro, que nunca deixava sua boca. Foi eleito por todos nós o “herói da resistência”! Mas isso, depois de passado o tempo ruim, já que enquanto ele estava embaixo, Alexandre no comando, tudo caia e balançava a nossa volta. Até que eu tive a infeliz idéia de ir no escuro até a cabine de proa (minha e de Alexandre). Ao entrar, no escuro, senti a água no pé e percebi que ela invadia todo o espaço! Mesmo as vigias (janelas) estando bem fechadas, apertadas, era impossível conter a força do mar sobre elas! O colchão já estava encharcado e senti nos pés que a pasta com todos os documentos do barco, que fica sob minha responsabilidade, tinha caído, espalhando papéis, já que o armário onde estava guardada não aguentou a pressão ( a fechadura estava ruim) e abriu derrubando tudo. Comecei a catar tudo, no tato, passando pra lugar seco. Sequer dava pra ver o que de fato tinha sido molhado. O armário do banheiro também abriu, derrubando tudo pelo chão e quebrando o espelho ao bater na parede. Fiz o que podia e ao subir um enjôo me tomou, um desconforto, consequência não só do mar mexido, mas do tumulto criado, que não me permitia contornar. De repente, você percebe que certas coisas são irremediáveis e só te resta parar, esperar e contemplar, nem que seja o próprio caos. Assim, voltei a sala, sentei no pufe – que é meu melhor lugar para navegar, já que me permite sentir a brisa do mar, acompanhar o movimento das ondas e ficar bem encaixada, acolhida – e esperei o tempo ruim passar, cheia de pensamentos positivos e sonhos bons. Lógico que aqui e ali me levantava, ou melhor, engantinhava pelos cantos, para conter as coisas que deslizavam pelo chão – caixas de comida, agua mineral, fruteira – e ainda escutava o tilintar da louça do dono do barco bem acondicionada no armário, mas não imune a tanto balanço e o bater da porta do armário lá embaixo, que durou até às 04:00h.
É...mais ainda não acabou. Fernando continuou na casa de máquina, como disse, por todo o tempo, tentando acertar o gerador. Já de manhã, o piloto automático e os instrumentos de navegação, que estavam sustentados pelas baterias, pararam de funcionar, levando Alexandre a guiar o barco no manual por pelo menos 2 horas, quando Fernando finalmente conseguiu remediar tudo, por volta das 09:00h.
E como que por recompensa, o dia seguiu tranqüilo depois de tudo isso. Alexandre trouxe para o comando a carranca do São Francisco que minha mãe lhe presentiou. Todos cansados, mas uma serenidade no ar e uma navegada tranqüila. Fizemos as refeições tranquilamente, e Tudão, que desde o Ceará nos prometia um cuscuz baiano o fez com louvor. Côco ralado na hora, massa molhadinha, um espetáculo! Deu um certo trabalhinho, já que a cuscuzeira de inox, muito chique, deixava vazar o ar quente e precisamos improvisar: retalho de pano entre os encaixes da panela pra cozinhar bem. Assim foi nosso jantar. Ou melhor, o começo dele, já que durante a navegação, é comum sempre estar beliscando algo pra passar o sono.
E assim seguimos, chegando a foz do Amazonas durante a madrugada. Pela manhã, às 06:00h, estávamos em Soure, momento magistral. A luz perfeita da manhã, rio calmo, dia lento. Observamos desde logo que os barcos aqui, de madeira, possuem um desenho diferente, com a popa mais arredondada, cabines adornadas por uma espécie de grade de madeira e enfeitados com bandeirinhas coloridas. As letras de seus nomes também são mais rebuscadas, quando não há outros desenhos nos barcos.
Fundiamos e Tudão, Alexandre e Fernando providenciaram um convidativo café-da-manhã amazonense: queijo de búfala e açaí com farinha de tapioca, do grão duro e grande, à moda indígena. Depois das arrumações da chegada, merecido descanso.
Seguem abaixo, fotos de nossa chegada a Soure.













sábado, 3 de novembro de 2007

Mais fotos em São Luís

O porto do Itaqui


Nosso fly bridge


Tudão e Simone

A Meditation

08/10/07 – São Luís


Ainda ancorados em São Luís, bateu uma sessão saudade. Alexandre e Fernando foram no representante local da Caterpillar resolver o problema da bomba do motor, Tudão e Simone foram explorar as redondezas de bote e eu fiquei fazendo o almoço. Aí me bateu uma nostalgia nordestina. Em meio a essa água barrenta de mar e rio, com um mangue no horizonte de terra, em bom “paraibês”, me danei a ouvir Mestre Ambrósio! rsrs Dei-me conta que é um dos poucos forrós que tenho a bordo! Pecado!
Ai como é boa a batida da zabumba!! Nem eu sabia que ia sentir tanta falta!! E olha que nem saímos do Brasil ainda!!!
Tomei isso como minha cerimônia de despedida do Nordeste...


Minha nova paisagem na janela: mar de água barrenta em São Luís.


À tarde, quando Alexandre chegou, tentamos atracar no porto para conseguir abastecimento de água, mas infelizmente não deu certo. A primeira atracação foi meio desastrosa, porque Tudão prendeu a popa, mas Fernando foi passar o cabo de proa por cima do guarda-mancebo (varanda do barco, digamos assim) e ainda com certo atraso, sem prender imediatamente no cunho, segurando na mão. Minha função era cuidar das defensas com Simone e me comunicar por rádio com Alexandre, passando cada detalhe para que a manobra fosse perfeita. Ele é, com razão, absolutamente exigente nesse ponto. Afinal, nem sempre a manobra é fácil e tudo tem que ser preciso, pra evitar qualquer dano, que é de sua responsabilidade. Só que não funcionou a contento, o barco ficou algum tempo solto, obrigando Alexandre a corrigir a manobra e sobrou bronca pra todo lado. Os meninos, muito experientes em navegação cometeram uma falha básica e escutaram um monte. E eu, por tabela, também. Nessa hora, não importa, o capitão grita mesmo, não interessa quem seja. E não vale achar ruim, faz parte do ofício. Atracados, soubemos que esse ponto do porto estava sem água, e não havia outro lugar no porto para atracar, já que havia vários navios, enormes, e outros por chegar (O Porto do Itaqui é o segundo do Brasil, ficando atrás somente de Santos/SP). Assim, voltamos para a âncora sem completar o tanque de água. Só nos resta esperar até amanhã.



Fernando, Alexandre e Tudão saindo da Bebo e voltando pra Meditation, logo atrás.




sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Voltei!!!!!!

Voltei!!!!

Oi gente! A partir de agora, vou atualizar o blog, trazer todas as novidades e impressões do caminho. Estou em Trinidad, chegamos há uma semana, mas não tivemos descanso! Muito trabalho, reforma de barco, novas perspectivas, possíveis cursos...muita coisa. Por enquanto, vou postando o diário que fiz durante a viagem, com a data e o lugar em que escrevi e, lógico, fotos, muitas fotos!!

Ah! E de cara, logo aqui abaixo, mais fotos do percurso Fortaleza-São Luís, clicadas por nossa amiga Kátia, tripulante da Bebo.

Beijão


A Meditation navegando...

... e olha a gente aí!!!


Aqui dá pra ter uma idéia do tom especial do azul do mar!


Mais uma da série "sozinho no mar". E olha a cor da água!! Não tem photoshop não!


Ainda em Fortaleza, na véspera da nossa saída, dia em que passamos fundiados próximo ao Marina Park, ao nosso lado, também na âncora, o barco do Piquet. Alexandre tirou essa foto linda!


E também esse flagra meu! E olha a visão da minha janela qual era!

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Oi gente! Tenho milhões de novidades para postar! Neste momento estou em um cyber em Cayenne, Guiana Francesa, sofrendo com o teclado frances e sem muito tempo, muito trabalho pra fazer, compras, consertinhos no barco, etc. Mas assim que tiver oportunidade, trarei muitas fotos e relatos. Adorei os e-mails e comentarios que recebi, fiquei emocionada. Obrigada a todos, de coraçao. Beijo enorme!

domingo, 7 de outubro de 2007

A viagem começou!!!!!


Finalmente, começamos a navegar!! Saímos de Fortaleza às 10:00h do dia 04, com o tempo agradável, o céu um pouco encoberto e um ventinho mais frio que de costume. Os primeiros momentos da navegada foram de pura empolgação, não sabia nem onde preferia ficar. Acabei optando pelo lado esquerdo do barco (ops! bombordo!), onde poderia ver Fortaleza ficando para trás e o mar nos esperando à frente, algo como contemplar passado e futuro (Ih...acho que estou meio sentimental! rsrs).
Tchau Marina Park!!

No primeiro dia viemos margeando a costa e passamos por lugares lindos como Cumbuco, Paracuru, Mundaú. Comecinho da noite cruzamos a ponta de Jericoacoara.

Abaixo, imagens de Cumbuco e Paracuru.



De início, muitos aprendizados. Primeiro, como andar no barco: devemos sempre buscar apoio firme para as mãos e andamos como bêbados, com as pernas em A, para garantir maior equilíbrio. Quem já andou em pé em ônibus vazio com motorista apressado sabe mais ou menos como é. Outra: todo cuidado ao abrir armários e geladeiras, já que por mais cautela que se tenha ao arrumar, pondo E.V.A. embaixo para não escorregar, sempre pode cair algo. Até por isso, vidros, quando não puderem ser evitados, sempre devem estar na parte de baixo.

Ah! E quanto ao enjôo?! Não senti nada! Só às vezes ficava um pouco mareada quando descia para as cabines. É o pior lugar para ficar, perde-se a perspectiva do horizonte e fica-se tonto. E justamente por estar tão disposta, fiz uma porção de coisas. Preparei o almoço (microondas no primeiro dia e macarronada, com direito a água fervente, no segundo), lavei louça, fiz café (de verdade, não o solúvel). Parece simples, mas não é bem assim. Nosso fogão é um tampo de vidro sem prendedor de panelas, o que significa ficar segurando a chaleira enquanto esquenta e depois ela, a garrafa e o coador, confiando nas pernas para dar equilíbrio. Também li, escutei música. Por sinal, ouvir Rolling Stones no fly bridge (parte de cima), tendo o mar a frente e sentindo a lancha surfar nas ondas não tem preço!! É incrível como coisas simples do dia-a-dia ganham outros contornos no mar. De noite, depois do banho, fui para o meu primeiro e pequeno turno no comando (das 22:00h às 23:00h). Breu total lá fora, aquele medinho básico. Olhos fitados no radar e no mar. Nessa região sempre aparecem jangadas, pequenos barcos e redes de pesca, que o radar não detecta. Por isso, Alexandre alterou um pouco a rota e fomos mais mar adentro, para livrarmos o risco, o que aliviou bastante minha responsabilidade. Depois disso, os rapazes assumiram o comando e só no dia seguinte, quando acordei, vi que estavámos longe da costa, com mar por todos os lados, a 25 milhas de distância (aproximadamente 50 km).

Abaixo, um desses barquinhos solitários soltos no mar.

Como estavam todos cansados fiquei eu no comando, quando tive meu primeiro susto, ao avistar um barquinho longe na nossa frente e foram surgindo manzuás (armadilhas de lagosta) para todos os lados, que nos obrigam a desviar porque podem enroscar na hélice do barco. Chamei Alexandre que antes de chegar, já me disse pra tirar o barco do piloto automático, desviar e reativá-lo. Assim fiz, pela primeira vez peguei na roda do leme pra manejar o barco com o coração aos pulos. Só que Alexandre esqueceu de me dizer que antes de religar o piloto, deveria voltar a rota inicial. E assim, também pela primeira vez tirei o barco do rumo! hahahaha Mas, erro percebido, erro consertado, ele veio em meu socorro e aprendi mais uma coisinha. E completando essa manhã sem igual, recebemos visitas! Golfinhos! Seguiram a lancha, passaram por baixo, pularam bem pertinho de mim, um espetáculo! Eu parecia criança, deslumbrada com o momento! Aliás, tudo tem me posto em polvorosa! A cor do mar a essa distância é fantástica! Um azul profundo, límpido, indescritível!



Aí embaixo, eu e Tudão esperando os golfinhos.


Chegamos a São Luís às 23:00h do dia 06, mortos de cansados após 37 horas de viagem. Como estamos no Porto do Itaqui e a maré varia muito, ficamos na âncora e não no cais, junto com as lanchas da praticagem, Polícia Federal, Receita. Sair do barco, só de bote. Agora, é aguardar o abastecimento, resolver alguns probleminhas mecânicos e seguir viagem.

Mais fotos...











sábado, 29 de setembro de 2007


É aqui onde moro e trabalho. A lancha maior da foto é a Meditation (80 pés) e a menor a Bebo (50 pés). Além delas tem a Bojana, um veleiro de madeira de aproximadamente 60 pés. Os barcos são muito bem equipados, oferecendo todo o conforto de uma casa em terra, mas sempre com aquele barulhinho de mar.

terça-feira, 18 de setembro de 2007

Recebi muitos e-mails de amigos, escutei muitas perguntas curiosas, várias pessoas não entenderam o porquê da minha mudança. De fato, para muitos causa estranheza a opção por uma vida no mar. Talvez por nunca terem percebido essa minha faceta, esse meu gosto pelo inusitado. O mar sempre me atraiu, nunca reagi bem à idéia de viver e morar longe dele. Desde criança, gostava de olhar para o mar, para pensar, para sonhar, para me alegrar. Certo que nunca fui a garota bronzeada da praia, mas muitos dos meus melhores momentos têm o mar como cenário. Por isso, encarei com naturalidade quando a oportunidade de assim viver e trabalhar me surgiu, embora escolhas como essa sejam sempre complicadas. São muitos os fatores a considerar: família, amigos, profissão, a tão falada estabilidade...No entanto, vale à pena não arriscar quando se tem vontade, quando se acredita que isso trará mais realização? Acho que não...não quero o arrependimento dos medrosos! Quero poder dizer que tentei. Assim, decidi: vim para o mar! E aqui confesso: entre todos os óbices, o mais difícil de lidar, com certeza, é a distância das pessoas queridas. Mas aqui, através desse blog, pretendo encurtar essas tantas milhas. Abração a todos!
Finalmente, a inauguração do blog! Aqui vocês ficarão sabendo meu paradeiro, imagens e impressões de viagem, da vida a bordo.